A aplicação do gás ozônio na degradação de micotoxinas em grãos

O milho é um dos cereais mais vulneráveis ao ataque de fungos, principalmente por espécies dos gêneros Fusarium, Aspergillus e Penicillium, além da contaminação por metabólitos secundários tóxicos produzidos por fungos (micotoxinas), sendo alguns desses compostos carcinogênicos a humanos e animais. Uma estratégia potencial para o controle de fungos e detoxificação de grãos nas unidades armazenadoras consiste no uso do ozônio.
Características como alta reatividade, penetrabilidade e decomposição espontânea em um produto não tóxico (O2) fazem do ozônio um desinfetante viável para garantir a segurança microbiológica dos produtos alimentícios. O gás age diretamente na superfície dos microrganismos e destrói sua parede celular.
Objetivou-se com este trabalho avaliar a eficiência do gás ozônio na desinfecção de grãos de milho contaminados com fungos Aspergillus flavus, Fusarium verticillioides e Penicillium spp. e na degradação das fumonisinas B1 e B2, além do efeito do processo nas características físico-químicas dos grãos. Foram utilizados grãos de milho dos híbridos 30F53H e AS1581 PRO, com teor de água de 12,8 e 13,5% em base úmida (b.u.), respectivamente, contaminados naturalmente com Aspergillus flavus, Fusarium verticillioides e Penicillium spp. Dos resultados obtidos conclui-se que para o tempo de exposição de 60 h, os índices de ocorrência de A. flavus, Penicillium spp. e F. verticillioides para o híbrido AS1581 PRO reduziram o equivalente a 93,8; 99,7 e 99,3%, em relação ao controle.
Para o híbrido 30F53H, os índices de ocorrência dos fungos A. flavus, Penicillium spp. e F. verticillioides apresentaram redução superior a 96% no tempo de exposição de 60 h. A concentração de 13,5 mg L-1 e 24 h de exposição ao ozônio reduziu o teor de fumonisinas B1 e B2 em 78,8 e 86,98%, respectivamente, para o híbrido 30F53H e para o híbrido AS1581 PRO a redução foi de 88,5% no teor de fumonisina B1 e mais de 82% o teor de fumonisina B2. O teor de água, proteínas, lipídios e cinzas não foram alterados pela exposição dos híbridos ao gás ozônio na concentração de 13,5 mg L-1, exceto para o híbrido AS1581 PRO nos tempos de exposição ao ozônio superiores a 48 h.
O ozônio reduziu o teor de água dos grãos de milho do híbrido AS1581 PRO nos tempos de 48 e 60 h. Já para o híbrido 30F53H não foi observada diferença significativa nos teores de água, lipídios, proteína e cinzas entre o controle e o tratamento com ozônio. Portanto, nas condições adotadas, os resultados indicam que o ozônio se mostrou eficiente fungicida e detoxificante de grãos de milho sem alterar a qualidade físico-quimica dos mesmos.
Referência: RIBEIRO, D. F. Ozônio como agente fungicida e de degradação de micotoxinas em híbridos de milho. 2016. 47 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. Coorientador: Marco Aurélio Guerra Pimentel.
Link: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/154691/1/Marco-Aurelio-dissertacao-Daniel.pdf